domingo, 26 de setembro de 2010

Skagen

Sábado, pelas 7h50 da manhã, um enorme grupo de alunos internacionais invadiu o nº 15 na paragem de Skjoldhøj; menos de meia hora depois, também o nº 8 seria vítima do mesmo mal.
Reunindo-se em frente à Studenterhus Århus, eram muitos aqueles que esperavam a hora da partida.


Contrariando as minhas expectativas, esta delongou-se por mais tempo do que seria aceitável: primeiro, não havia autocarros suficientes; depois já havia autocarros, mas estes não funcionavam; por fim, havia autocarros que funcionavam (só para alguns), mas o estado em que se encontravam deixava muito a desejar (espelhos retrovisores partidos, vidros rachados, bancos que impossibilitavam que alguém se sentasse neles, moscas e aranhas no “tecto”, etc). Está visto que a primeira impressão da viagem não era a melhor…


Problemas resolvidos, lá nos fizemos ao caminho para três horas (bastante desconfortáveis) de viagem – o outro grupo teve que esperar mais hora e meia para ter direito a autocarros tão bons como os nossos.

Ao chegarmos a Skagen à hora de almoço fomos deixados à nossa responsabilidade por duas horas e meia. Durante este tempo pudemos ver o Museu de Arte de Skagen (conselho: não visitem este museu depois de passarem pelo ARoS…), almoçar, arranjar tempo para comprar postais e doçaria tradicional, visitar a cidade, tirar fotos e recuperar energias com um café/chocolate quente (não interessa se ainda estamos em Setembro; em Skagen, basicamente, já é inverno…).
























De seguida dirigimo-nos a Grenen, local onde o Mar do Norte e o Mar Báltico se encontram. Para além de possibilitar o convívio e de deixar tirar imensas fotografias, este sítio também me deu uma totalmente nova noção de “vento” – sim, a Gândara é ventosa, os terrenos da FEUNL são ventosos, Århus é uma cidade ventosa, mas Grenen ultrapassa tudo isto (junto).


Posto isto foi altura de visitar Råbjerg Mile, o único deserto da Dinamarca. Apesar de nos deixarem uma hora e meia sozinhos no meio do nada, este tempo não foi suficiente para descobrirmos a tão famosa Igreja praticamente coberta de areia (sim, eu também sou da opinião que por esta altura ela já está totalmente atulhada de areia e que, no fundo, acabámos por andar em cima dela o tempo todo…). Ir até tão longe e voltar sem cumprir o objectivo não estava nos planos; mas, como tuga que é tuga sabe improvisar, tudo se resolveu da melhor maneira…













Por fim, lá voltámos ao autocarro para mais três horas de viagem. Com a noite a cair juntamente com a temperatura, o regresso foi ainda mais desconfortável do que a partida. Não é de estranhar, portanto, que a primeira coisa a fazer ao chegar à Studenterhus Århus tenha sido pedir uma bebida quente. 











Depois de aquecer, descansar por uns minutos e ignorar o New Bees Festival no andar de cima, foi então altura de seguir para o quentinho da residência, passar os olhos pela TV e relaxar enquanto se pronunciavam as falas do Senhor dos Anéis em simultâneo com os actores…

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Momentos

Mais uma semana praticamente passada. Por esta altura, já se torna difícil deslumbrar novidades em cada esquina: o tempo já se tornou familiar (chuva, sol, chuva, sol, chuva), as pausas a meio das aulas já não despertam interesse (nem energia), o trabalho já se começa a acumular (ao contrário da vontade de lhe pegar), as saídas já se tornam banais e não incluem toneladas de fotos, e, naturalmente, a preguiça e o cansaço são constantes.

Momentos marcantes da semana (pelas mais variadas razões):
- Ida aos Correios na segunda-feira para levantar uma encomenda e regresso atribulado (demorado) à residência – mesmo em condições adversas (chuva, percurso de autocarro errado, chuva, ruas desérticas, chuva, caminhos desconhecidos, chuva), o meu sentido de orientação é bastante apurado e não me deixa ficar mal);
- Noite de Quiz no Waxies, um pub irlandês situado no centro da cidade – não ganhámos o Quiz, fomos vítimas de trafulhice e respondemos da mesma forma, ganhámos (ganhei) uma bebida grátis, brincámos (brinquei) com a palhinha-flor e a vela da nossa mesa (hygge) e passámos um bom bocado;











- Qualquer altura em que se viu “How I Met Your Mother” / “Friends” / “Glee” ou uma outra série na televisão;
- Conversas e frases deixadas a meio...

Potenciais momentos marcantes:
- Viagem a Skagen no sábado (acordar cedo, apanhar frio, andar de autocarro, ver o ponto onde dois mares se juntam, visitar um museu de arte, o único deserto dinamarquês e uma igreja praticamente coberta de areia, regressar e ter entrada gratuita no New Bees Festival);
- Aniversário do Ruka no domingo, para o qual fui, finalmente, convidada – não é que possa ir, mas um convite fica sempre bem... :p


(Porque é que o tempo passa tão depressa?...)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Primeiro mês

Faz hoje um mês que parti. Ou, vendo as coisas por outro prisma, faz hoje um mês que cheguei.

As primeiras impressões – verde, chuva, caro – revelaram-se incompletas – muito verde, muita chuva, muito caro. Lá fora, as paisagens são bonitas, os animais enormes, os transportes pontuais, as pausas repetitivas, as horas de trabalho reduzidas (já a produtividade…), o tempo instável. E as pessoas? De dia, conservadoras e reservadas, à noite, alegres e extrovertidas (à falta de melhor termo); na residência, as nacionalidades são muitas (portuguesa, americana, búlgara, romena, dinamarquesa, alemã, polaca e francesa), os costumes divergentes, os ritmos variados, as festas e os convívios frequentes.
Se eu podia ter ficado em Portugal? Podia, mas não era a mesma coisa…


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

domingo, 12 de setembro de 2010

Nice weather

08h30
Não precisar de despertador para acordar a horas é, sem dúvida, agradável. Mas, como em tudo na vida, há limites. Acordar às 8h17 da manhã, num DOMINGO, é demasiado extremista. Como – como é que os dinamarqueses conseguem dormir sem estores nas janelas?!


10h00
Depois de três dias de alto teor desportivo a nível individual chegou a hora de combinar uma disputa internacional. Portugueses, búlgaros, italianos, mexicanos e holandeses. Convites feitos; tudo a postos. Só falta mesmo saber se o tempo vai colaborar…


13h00
Em Aarhus é assim: tão depressa está “bom tempo”, como de repente começa a chover torrencialmente… Vejo céu “azul” ao longe. Será que o tempo se vai compor?


14h45
Céu azul. Sol. Os passarinhos cantam…


16h19 – 17h55
Depois de escolher uma das quatro tabelas possíveis (um meio campo ocupado com carros, outro meio campo cheio de poças de água, outra metade muito próxima do campo de futebol onde havia jogo e uma outra que, enfim, tirando o piso, até escapava…), deu-se início ao aquecimento.
Ao fim de uns minutos os jogadores foram começando a chegar. Naturalmente, em termos de atletas em campo, Portugal ganhou com uma forte representação (3 tugas); em relação aos resultados, posso dizer que não envergonhei o país.
[Player of the game: Tixa Penicheiro]


18h30
Chuva torrencial em Aarhus. Começa a ser altura de petiscar qualquer coisa e ganhar lugar na “bancada central” para a final masculina de basket entre a Turquia e os EUA.
[Como eu gosto do sofá da sala depois de um looongo dia de trabalho…]


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Grand Finale

Depois de tantos dias de sol e “calor” em Aarhus, as nuvens resolveram, finalmente, dar um ar da sua graça. Ainda assim, a chuva e o vento não foram impedimento para mais uma tarde desportiva (nota: jogar basket à chuva é agradável; jogar basket de t-shirt clara, à chuva e ao vento, onde há terra, lama e relva, não é tão aconselhável – especialmente para quem tem que lavar a roupa a seguir…).
No entanto, o dia é longo e quando não se tem nada para fazer, parece que o tempo se prolonga para lá do aceitável… Assim, ignorando o livro de Business Intelligence e os apontamentos de Management Science Models, hoje tive paciência e oportunidade para pegar nas filmagens da ida a Copenhaga e fazer um clip. Para não prolongar demasiado o filme, acabei por me focar apenas no espectáculo de rua a que assistimos e que nos proporcionou boas gargalhadas. Apesar de a primeira parte ter sido muito mais hilariante, só isto ficou registado em formato digital: The Grand Finale.


terça-feira, 7 de setembro de 2010

ASB vs. FEUNL

“O despertador,
A cara lavada,
Perder o autocarro,
Chegar à escola no toque de entrada…”


Em Aarhus, apesar de, regra geral (e ao contrário do que acontece em Lisboa), as pessoas não se sentirem sardinhas em lata quando andam de autocarro, também há hora de ponta! As aulas começaram esta semana na ASB e a principal diferença que se nota é no trânsito: sair de casa com meia hora de antecedência deixou de ser suficiente para chegar a horas a qualquer lado, inclusive à faculdade, para a primeira aula do dia e do semestre (Business Intelligence, 8h00).
Não sei se foi do sono, se do facto de ser novidade, se devido ao interesse pela matéria ou se graças à pausa de dez minutos a meio da aula (45+45 em vez dos habituais 90 minutos seguidos), mas o que é certo é que quando dei por isso, já o Mads dizia “Até para a semana!”. Na verdade, as primeiras impressões indicam que estudar na Dinamarca é bastante diferente de estudar em Portugal (ASB vs. FEUNL):
Para já, tirando a questão dos intervalos, a primeira diferença que salta à vista é o horário: ao invés de uma mancha de tinta a preencher manhãs e tardes, o branco e o vazio sobrepõem-se e dominam os dias – isto porque aqui se pressupõe que grande parte da aprendizagem deve ser feita fora da sala de aula, individualmente (já o Pinheiro dizia para treinar “na privacidade do seu quarto”) ou em grupo;
De seguida, em vez de grandes anfiteatros repletos de gente, para uma aula teórica basta uma sala vulgar, onde cerca de trinta alunos estão sentados em mesas de grupo;
O quadro de giz apaga-se (e bem) com uma vulgar esponja, em vez do habitual apagador que já vejo desde os tempos do Jardim-Escola e que nem sempre produz efeito;
Outro aspecto interessante é que os livros de estudo podem ser adquiridos na livraria da escola (durante todo o ano), o que evita perdas de tempo e grandes deslocações pela cidade.

Ainda assim, apesar da dimensão desta faculdade (cerca de 8000 alunos) e da brilhante colocação nos diversos rankings internacionais (segundo o SSRN, a ASB ocupa o lugar 69 numa lista de 800 escolas de gestão), tenho que confessar que nem tudo é bom/melhor. A verdade é que já tenho saudades do “Pátio do Meio”, do A14 (querem melhor sítio para dormir?!), do “Bar da Tenda”, dos “sofás da Biblioteca” e de umas quantas caras conhecidas. :)


domingo, 5 de setembro de 2010

Copenhaga

Na passada sexta-feira, dez alunos de Erasmus de quatro nacionalidades diferentes lançaram-se à aventura; como não era possível levar a cabo a ideia de uma viagem a Hamburgo, conciliaram-se vontades com vista a um objectivo comum: conquistar Copenhaga.



Com os planos delineados em cima do joelho, à boa maneira portuguesa (e não só), a partida ficou agendada para as 6h45 da manhã (seguinte), já com o autocarro e os quartos reservados. Com uns mais organizados que outros e mais aptos a acordar ainda antes do nascer do sol, o grupo ficou completo na estação de autocarros de Aarhus.
Quanto à viagem nada a reclamar: cinco ou dez minutos depois de entrarmos no autocarro (que partiu a horas, naturalmente) chegámos ao ferry; a travessia foi bastante pacata e durante pouco mais de uma hora houve tempo para fotos, segundos pequenos-almoços e, desconfio, algumas sestas. Assim que chegámos ao “outro lado” voltámos para o autocarro e durante sensivelmente uma hora e quarenta minutos, enquanto uns dormiam completamente relaxados, outros encarregaram-se de definir os locais a visitar durante a curta estadia na capital dinamarquesa.






Com o autocarro dominado foi altura de descobrir que carris nos conduziriam ao centro da cidade; e assim, cerca de três horas e meia após termos saído de Aarhus e com menos umas quantas coroas nos bolsos, chegámos ao nosso destino.



Aí, “first things, first”: procurar o posto de turismo, arranjar mapas, localizar a pousada, deixar as malas e tratar do check-in. Ao contrário do que aconteceu com a viagem, a reserva dos quartos deu problemas: devido a uma questão técnica, o sistema operativo da pousada (que nos tinha enviado a confirmação da reserva) não marcou os quartos. Resultado: as “nossas” camas já estavam ocupadas à hora a que lá chegámos.
Depois de algumas questões burocráticas e muitas conversas em inglês e alemão, albergue e alberguistas chegaram a acordo: dois quartos de quatro pessoas (mais uma), pequeno-almoço grátis (em vez de 65kr por pessoa), preços reduzidos devido ao incómodo e não se fala mais nisso. Com a questão resolvida foi finalmente altura de comer – ida colectiva ao Burguer King, que isto de se viver na Dinamarca tem muito que se lhe diga…
O resto do dia foi reservado para passear e fazer o reconhecimento do centro: The Latin Quarter, Strøget, Vor Frue Kirke, København Universitet, Kannikestræde, Guinness World Records Museum, …
Enquanto deixávamos Kongens Nytorv, a praça onde se encontra a estátua do fundador de Copenhaga, Christian V, e entrávamos na famosa Nyhavn, demos de caras com mais dois portugueses. Simplesmente por acaso ou porque todos os turistas visitam sensivelmente o mesmo, encontrei-me com os meus pais, ainda na Dinamarca.



Depois de muitas fotos tiradas e de quilómetros percorridos, acabámos por passar pelo Netto para comprar o jantar. Já com a refeição feita e tomada foi altura de visitar um pub irlandês na Strøget, onde um outro grupo de Erasmus (também da ASB e já nosso conhecido) se entretinha a ver futebol.

*

Sábado, para melhor conciliar vontades e ritmos, o grupo dividiu-se. Começando por percorrer o caminho desde a pousada até ao Kastellet, eu e a Julie fomos guardando na máquina e na memória a visão das paisagens que Copenhaga nos reservava. Depois de passarmos pelo Skuespilhuset (edifício do Teatro Real) e pelo Frihedsmuseet (museu da resistência dinamarquesa face à ocupação alemã em 1940-45), acabámos por chegar ao local onde a famosa estátua da “Pequena Sereia” se costuma encontrar. Costuma, porque por esta altura, em vez de estar na Dinamarca, a estátua está na China, numa exposição. Em Copenhaga resta apenas um ecrã que nos mostra a sereia, rodeada de pessoas, num centro comercial de Shanghai.



Com isto visto, passámos os olhos pelo Kastellet e pela Kastels Kirke (Igreja do Castelo). Pela altura em que as raparigas (Charlotte, Hélène e Liss) se juntaram a nós, já não dava tempo para visitar a torre da câmara municipal como planeado. Em vez disso, e porque estávamos mesmo ali ao pé, aproveitámos para ver a troca dos guardas, ao meio dia, em frente à residência real (Amalienborg).



A isto seguiu-se uma subida à Rundetaarn (Torre Redonda), uma refeição rápida, uma ida ao Hard Rock Cafe, uma passagem por Christiania e, por fim, um momento de relaxamento no Kongens Have (Jardim dos Reis).
Quando o tempo começou a arrefecer e o sol desapareceu de vista (algo que acontece mais cedo do que em Aarhus) dirigimo-nos à pousada. Desta vez decidimos comer real food e assim sendo optámos por ir ao RizRaz, especialista em “Steaks & Veggies”, onde o buffet custa cerca de dois terços do preço de um bife.



Já sem conseguir comer ou beber mais (os refills dos refrigerantes eram gratuitos) dirigimo-nos à praça principal e assistimos a um espectáculo de rua improvisado e interactivo. Totalmente arrasados de tanto andar, o resto da noite foi reservado para socializar no bar do hostel, acompanhando a conversa com uma pitada de humor e bebidas pelo meio.

Depois destes dois longos dias, hoje foi altura de regressar a casa, arrumar tudo e preparar as coisas, porque as aulas começam amanhã – para alguns.
E no fim disto tudo, que mais posso dizer? Missão cumprida!


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Aarhus em família

Durante estes dias não houve parança. Toda a gente sabe, com os pais por perto as prioridades são outras e os horários também (e com isto não digo que sejam os mais correctos).
Tendo como objectivo conhecer melhor a cidade e visitar alguns dos locais mais emblemáticos de Aarhus (e que nos esvaziam os bolsos), estivemos juntos desde o fim da tarde de domingo até à noite de quarta. Durante estas 76 horas houve tempo para espreitar o Århus Festuge (festival da cidade a decorrer durante esta semana), ficar a conhecer o ARoS Århus (museu de arte – recomendo vivamente a sala dos espelhos para uns bons minutos de admiração e diversão) e Den Gamle By (“A Cidade Velha”, museu ao ar livre que retrata a vida dinamarquesa desde o século XV até meados do século XX, onde não falta a interacção entre visitantes e moradores), fazer o reconhecimento de algumas zonas e ruas importantes (especial destaque para a Åboulevarden e para a Møllestien), passear, petiscar (aconselho os crepes de maçã e canela), abastecer a dispensa (acho que não tenho que voltar a meter os pés num supermercado durante os próximos meses), matar saudades da comida portuguesa, tirar toneladas de fotos e, acima de tudo, passar um bom bocado.
Mas como “não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe”, a despedida chegou mais cedo do que queríamos e o começo das aulas aproxima-se a passos largos. Durante este último fim-de-semana de férias só há tempo para uma viagem rápida a Copenhaga com o resto da malta. Quem sabe o que se pode encontrar por lá…

(Nota: As fotos hão-de ir, um dia, parar ao Facebook)